terça-feira, 10 de agosto de 2010

Revista Raça Brasil

Revista Raça Brasil
ROSE CAMPOS - 15/Março/2010


Em 1995, a escritora carioca Sonia rosa publicou o primeiro de seus atuais 30 livros, o Menino Nito (Editora Pallas). Até agora, todos são dedicados ao público infanto-juvenil e a autora se destaca por trazer personagens negros ou a temática da cultura afro-brasileira em quase todos eles. A abordagem, no entanto, começou de forma casual. "A vida nos reserva surpresas e eu nunca havia me imaginado como escritora. Mas gostava de contar histórias. Quando escrevi O Menino Nito, a inspiração foi um amigo mulato chamado Francisco, muito bonito, e daí vinha o apelido de Nito, uma corruptela de 'bonito'. Por isso exigi da ilustradora que o personagem fosse um menino negro, algo não usual na época. Mas a história deste menino que engole o choro pode ser comum a todas as crianças e acho importante também existirem personagens negros em situações de conforto", acredita a autora. Ela destaca a importância da lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura da áfrica nas escolas brasileiras. "Fiz um curso de quase dois anos na universidade Castello Branco sobre áfrica-Brasil e descobri coisas que ninguém havia me contado sobre a verdadeira história dos negros. Posso dizer que este foi o curso mais importante da minha vida, pois me deu conhecimento sobre mim mesma", comenta. Certamente, deu subsídios a ela para enriquecer seu repertório e criar uma série como Lembranças Africanas e histórias como O Tesouro de Monifa, que trata justamente da descoberta das raízes de uma garotinha afro-descendente depois de receber os escritos de sua tataravô, trazida ao Brasil por um navio negreiro. O livro traz à tona a questão da autoestima e do pensamento, que nunca se escraviza. Hoje os livros de Sonia rosa não são apenas expoentes ou exceções. A autora se alinha com muitos outros escritores de grande valor, como Nei Lopes, Ziraldo, Ana Maria Machado e tantos mais que não se intimidam em demonstrar que nossa maior riqueza cultural está na diversidade.